quarta-feira, 18 de maio de 2011

Novo álbum de Lady Gaga aposta na dance bombástica e sem sutilezas

Numa época em que o interesse por notícias sobre música diminui a olhos vistos, Lady Gaga representou um alívio para as estatísticas de audiência na área.

Tudo bem que uma nota sobre Lady Gaga raramente fala sobre a música em si, mas aqui estava uma popstar com características muito interessantes: senso de humor, espalhafato, falta de vergonha, sem medo de se posicionar em causas polêmicas, bebendo em tradições de respeito como Madonna, David Bowie, Andy Warhol, Grace Jones, cultura gay, dance music e os freaks da noite nova-iorquina.

Um caldo de referências e atitudes mais que bem-vindo na era do machismo rasteiro de Chris Brown, do pseudo bom-mocismo das estrelas vindas da Disney e na sexualidade photoshopada de anúncio de perfume de Rihanna e Beyoncé (para ficar no pop americano. Do brasileiro, onde se compete para ver quem consegue ser mais insosso, melhor nem comparar).

Só que a mágica de Lady Gaga já dava, no final de 2010, claros sinais de que estava perdendo o efeito. Culpa em boa parte dela, que havia passado os últimos anos saturando a mídia com seus factoides. Mas culpa também da mídia que, como dito no começo do texto, foi com muita sede em cima de uma popstar que havia decidido tentar algo de diferente. Chegando em 2011, notícias sobre Gaga simplesmente não representam mais aquela vitamina de audiência.

É nesse contexto incerto que chega Born This Way, seu segundo álbum propriamente dito (The Fame Monster, de 2009, é um relançamento do primeiro). Nada mal. Na falta de factoides, para variar, temos um pouco de música. Com lançamento marcado para 23 de maio, suas faixas vazaram na web nesta terça à noite (17).


As primeiras audições, porém, confirmam algo que os primeiros singles vazados já apontavam: Gaga não só não está disposta a variar ou ousar em seu leque musical, como prefere apostar boa parte de suas fichas na mesma sonoridade electro-dance bombástica onde não há espaço para sutileza ou nuance. Se fosse um texto, estaria da primeira à última palavra em negrito. O som serrilhado de guitarras sintetizadas se ouve por toda parte.



Marry The Night, Born This Way, Americano, Hair, Judas, Schiße e The Edge Of Glory seguem essa cartilha, com Gaga soando como se cantasse do alto de uma torre, cabelos esvoaçando e um céu carregado de tempestade ao fundo. Sim, bem apocalíptico.

Entre os números dançantes que não estão constantemente na quinta marcha, Gaga se sai bem melhor. Government Hooker é electro-pastiche com samples do hit robótico Da Da Da, do Trio. Bad Kids tem uma pegada meio disco-trance que, nas mãos de um Daft Punk ou The Twelves, poderia resultar num belo remix.

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